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quarta-feira, 6 de setembro de 2023

O ESTRANHO CASO DE ASSASSINATO DE ITAÚNA O DESPERTAR CAP. 22

             Capítulo 22

Sobreposição.




    Isabele saiu apressada em direção a Lápide dos mortos desconhecidos, não deu a menor atenção ao interrogatório de Bobby, seu corpo doía, principalmente seus tornozelos, devido ter ficado muito tempo agachada próximo a lápide. Ela caminhou em meio a escuridão, olhou para o horizonte e percebeu que sol já presenteava o céu com um pouco de sua claridade, ela sabia que não tinha muito tempo.

    Ela pôs as mãos em cima de uma das lápides, afastou as folhagem que se acumulavam ali e disse:

     "Imploro, renuo, et attende mandatum meum".

    Nada aconteceu, ela continuou repetindo com mais forças. Bobby todo desengonçado com sua falta de coordenação motora e sua visão embasada, se batia contra as lápides, enquanto varava a escuridão.

    Ele chegou próximo de Isabele, limpou o suor do rosto, enquanto observava ela repetir aquela frase em Latim, que ele logo identificou o que ela dizia, graças as aulas que ele fazia com Madame Clare. 

______ Já deu pra perceber que eles não vão te ouvi.

______ Vê se não enche! _____ Resmungou Isabele.

     Logo um velho raquítico se mostrou com sua cara furiosa, seu nariz pontiagudo e suas sobrancelhas super grossa.

______ Inferno ninguém pode dormir em paz! Quem me incomoda?

______ Responda-me senhor. De que você morreu? E porque não consigo contatar os outros.

______ Não vou responder nada____ Disse ele dando as costas para ela e saindo, como se fosse deixa o túmulo.

______ Redi, te teneo _____ Gritou Isabele, então o fantasma foi tomado por uma força que o paralisou e ele rodou em seu próprio eixo paralisado.

______ Inferno não se pode descansar em paz. Eu morri de Bronquite aguda.

______ O que? Como? _____ Isabele estava atordoada com as revelações, nada fazia sentido. 

______ Você é surda é? Eu morri de Bronquite aguda.

______ E os outros? Que estão enterrado aqui?

______ Como posso saber? Eu já estava morto.

______ Mas você viu quando enterraram...

______ Não colocaram nada. Só foi uma cerimônia e cavaram para colocarem os ossos. Acho que esses indivíduos morreram em outro lugar e queria ser enterrado em sua terra natal então trouxeram os ossos.

______ Isso explica as almas deles estão em algum lugar...

______ Não sei a Médium é você... mas não vi eles, nem nada aí...

_____ Uhummm _____ Isabele olhou aquele velho resmunguento que não queria contribuir com nenhuma informação, suspeitando que ele tinha alguma coisa. O sol brilhou mais forte no nascente e a conexão começou ser quebrada.

______ Agora eu posso ir _____ Gritou o velho. E Isabele o liberou de seu controle. O velho voltou ao túmulo.

______ Retorne e descanse ____ Disse Isabele.




        _______O que você descobriu?_____ Perguntou Bobby curioso.

_______ Eles realmente não estão aqui. É apenas uma sobreposição. Fizeram um túmulo em cima de outro que já existia.

______ Estranho. Tudo bem que pode ocorrer... cavar um cova em cima de um lugar que já foi enterrado alguém. Isso acontece quando os parentes do morto não tem condições de fazer uma lápide em cima do local, ou quando o morto é um mendigo que não teve nem como pagar o local. Mas isso é comum em Cemitério de cidades grande quando já estão cheio, aqui tem espaço de sobra.

_____ Estranhei também. Mas o dia já está raiando. Não é um momento propício para um ritual mediúnico. Voltaremos novamente depois. Além do mais, você não quer ser pego num cemitério xeretando no momento em que todo suspeitam que somos uns criminosos não é?

_____ Verdade!




    Bobby acordou 11:30 da manhã, ele tomou banho e depois abriu a geladeira, ficou olhando ela vazia, só tinha água, nos últimos dias ele não tinha feito diária para ganhar um dinheirinho para se manter. Sua barriga roncou anunciando fome arrasadora. 

    Bobby mal tinha sentado na sua pequena mesa com um prato a sua frente, quando uma sequência de três batizadas ecoou na porta. Ele levantou e saiu em direção a porta.

______ Oi! _____ Era Liu Chan. Era a primeira vez que ele vinha na casa de Bobby.

______ Oi!______ Respondeu Bobby, segurando a porta e pondo só a cabeça do lado de fora, como se tentasse impedir Liu Chan de entrar. 

   Bobby estava todo sem jeito, ele nunca foi de receber ninguém em casa, mas com o acontecimento envolvendo ele com os outros colegas, sua casa tinha recebido nos últimos dias mais visita do que ela recebia em um ano.

_____ Eu andei sumido ______ Disse Liu Chan interrompendo aquele momento constrangedor.

_____ Verdade... eu pensei em passar na sua casa, mas não sabia o que dizer.

_____ Sério! Poderia ter dito oi! _____ Brincou Liu Chan ____ Devia ter ido. Não vai me convidar para entrar?

_____ É que eu... _____ Bobby falou sem jeito, afundado em vergonha, pois sua casa não se comparava a linda casa de Liu Chan.

____ Acho que não vim numa boa hora ______ Falou Liu Chan murchando _____ Espera! Você está com alguém?

____ O que? ____ Falou Bobby quase gritando de surpresa com a suspeita de seu colega____ Eu... Não... é que.. .

____ Qual é então? É por que? _____ Liu Chan empurrou um pouco a porta e pôs a cabeça pra dentro, enquanto Bobby tentava impedir. Não precisou de muito tempo pra Liu Chan vê a pequena casa de Bobby desprovida de decoração e com pouca mobília. Mas o que chamou a atenção de Liu Chan foi um prato na mesa com apenas arroz branco.

____ A entendi tudo! ______ Declarou Liu Chan meio triste pelo amigo. Vamos _____ Ele puxou pelo braço de Bobby.

____ Pra onde?

____ Pra um restaurante.

____ Espera eu não tenho dinheiro.

____ Não se preocupe eu pago.

____ Vou fechar a porta.




    Liu Chan levou Bobby para um pequeno restaurante no centro da cidade, era um restaurante pequeno, mais aconchegante. Havia mesas cobertas com toalhas brancas, com taças, talheres e um jarro com flores de orquídeas que enfeitava a mesa.

_____ Pode escolher o que quiser Bobby _____ Falou Liu Chan.

_____ Por onde você andou? _____ Perguntou Bobby olhando por cima do cardápio.

_____ Eu tiver que sai da cidade. Estava ocupado preparando umas coisas.

_____ Uhunmmm ______ Bobby virou os lábios pro lado e pro outro enquanto lia o cardápio _____ Que coisa seria essas? Que foi preciso sair da cidade.

_____ Você e sua curiosidade _______ Falou ele sorrindo pra Bobby _____ Nada demais só algumas burocracias. Mas não quero falar sobre isso.

_____ E sobre o que você quer falar?

_____ Sobre você?

_____ O que você quer saber? 

_____ Conseguiu fazer o que queria? Afinal sou seu mentor na meditação.

_____ Mais ou menos.

_____ Bobby você não apareceu mais pra meditar, o que leva a crer que você conseguiu. Pode confiar em mim. Você tem que aprender a confiar nas pessoas.

______ Eu confiou é só que...

______ Confiar tanto que... Bobby eu vi hoje em cima de sua mesa... eu nem consigo imaginar que você está passando necessidade e não pensou em nenhum momento me falar. Falar pra alguém.

_____ Pra quem? 

_____ Pra Diuna. Pra mim. 

_____ Diuna já tem seus problemas e você... você sumiu.

_____ Me ligava. 

_____ Eu andei ocupado. Tentando desvendar os crimes.

_____ E o que descobriu? Me conta tudo. Quero ficar a par de tudo que vocês descobriram.

_____ Vocês? Como sabe que eu  estava investigando com outras pessoas?

_____ Espera _____ Liu Chan começou a rir _____ Isso é uma desconfiança.

_____ Você desaparece... some por dias, sabe lá o que estava fazendo. E de repente me chama pra sair. Aparece na minha casa sem avisar... o que dá motivo suficiente para me perguntar se você não está me usando apenas para saber o que eu sei...

_____ Você não está querendo dizer que eu sou o psicopata que anda matando gente por aí não né Senhor Bobby?

_____ Qualquer um que estava na festa é um suspeito. Não foi o que disseram?.... Só não fica com raiva e sai deixando o almoço pra mim pagar, porque realmente eu não tenho dinheiro.

_____ Tá bom nós não fala sobre isso _____ falou Liu Chan enquanto olhava com o olhar cético para Bobby ______ Qual é? Não acha que eu faria isso com você?

_____ Obrigado!

_____ Tá vamos falar sobre o colégio então.

_____ Podemos falar sobre as nossas descobertas recente. Se você quiser saber ainda ______ Liu Chan Acenou com cabeça que sim e Bobby prosseguiu _______ Eu e a Diuna quase fomos mortos, enquanto investigávamos possíveis registros em um biblioteca partícula, a Isabele suspeita que alguém está tentando encobrir o verdadeiro local dos túmulos, onde foram enterrada as pessoas que morreram quando se iniciou a cidade e o restante creio que você já sabe.

_____ Ufa! Quanta coisa. E você tem alguma ideia de como descobrir o local.

_____ Bom se nós descobríssemos alguém que pudesse dizer aonde enterraram, a isabele poderia usar seus poderes para descobrir.

______ Já tentou falar com Dona Zélia? 

______ Ainda não, mas estou pensando nisso.

______ É impressionante como acabamos recorrendo sempre a Dona Zélia, cada vez que temos um questionamento. Não acha que ela sabe demais pra apenas uma senhora de idade?

______ Verdade! Já pensei nisso ______ Falou Bobby pensativo _____ Se bem que ela é uma das poucas pessoas velhas que ainda continua aqui.

______ Existe outras?______ Quem seria? Tem alguém em mente.

______ Estou pensando em alguém em particular _______ Falou Liu Chan enquanto o garçom o servia um Ravioli.

______ Quem? _______ Perguntou Bobby, enquanto girava um vinho na taça e olhava por cima para Liu Chan.

______ Senhor Hector!

______ Senhor Hector... Não é o dono da casa em que Diuna trabalha?

______ Sim!

______ Não achava que ele era uma pessoa tão velha.

______ Ele é bem velho e sabe de muita coisa também.

______ Tá aí uma pessoa que nunca seguir.

______ Você não pode seguir todo mundo Bobby.

______ Como você conhece ele?

______ Infelizmente não posso dizer Bobby.

______ Liu Chan e seus segredos.




  Bobby e Liu Chan um dia depois do almoço que tiveram, resolveram ir à casa de Dona Zélia. Eles foram a pé. A casa dela ficava afastada da cidade. Eles caminharam por um caminho meio fechado pelos matos que cresciam na beira. 

    A casa pareciam abandonada, ervas daninhas cresciam ao seu redor, enquanto sua estrutura mostrava o desgaste do tempo. Bobby colocou a mão na frente interrompendo o avanço de Liu Chan que se dirigia em direção a porta, ultrapassando o limite demarcada pela marca de onde começava o terreiro.

_____ Espera é melhor chamar daqui _____ Disse Bobby.

_____ O que foi? ______ Quis saber Liu Chan.

_____ Não é bom chegar na casa de uma senhora assim. Pode assusta-la.

    Eles bateram palmas e não houve resposta. Liu Chan avançou e Bobby resolveu acompanha-lo. Eles adentraram na casa que estava aberta, no interior havia uma bagunça de objetos empendurados, parecia uma loja onde vende remédios naturais. Havia garrafas com folhas, casca de árvores e uma serie de tranqueiras, chifres, búzios, cordões feito de ossos ou de sementes. No entanto, o que chamou atenção de Bobby foi uns potes que guardava algumas coisas no formol.

______ Olha aquilo ______ Disse Bobby apontando para cima da prateleira que estava a sua frente. Liu Chan subiu e pegou entregando para Bobby.

______ Não acha que já cometemos crime de mais invadindo uma propriedade privada, agora vamos xeretar as coisa particular dela?

______ Vai querer fazer agora ou vai preferir vim aqui em espírito _____ Disse Liu Chan no tom irônico _____ Mas duvido que você queira me propor isso, afinal de contas, era assumir que você pode tocar a matéria no mundo espiritual. Não é senhor Bobby?

_____ Isso são órgãos? _______ Perguntou Bobby tirando o foco da pergunta que Liu Chan acabara de perguntar ______ Estão conservados em Formol.

_____ Verdade, mas pelo tamanho não são de pessoas, provavelmente de animais, olha o tamanho, as características não batem. Espera!... aquilo é ossos?

______ Sim e aí ? _______ Perguntou Bobby entortando a cabeça como que diz eu te falei.

______ Sabe você deveria para com isso?

______ Com o que?

______ Com o hábito de desconfiar de todo mundo... bem os órgãos são de animais e esse ossos senhor Bobby, provavelmente de um primatas, talvez um Macaco, macacos do gênero Alouatta, também conhecidos como “bugios”, porém, popularmente, mais conhecido como Capelão.  Ossos parecido com os dos seres humanos mais não é. Satisfeito?

______ Não mesmo! Por que uma pessoa guardaria isso?

______ Algumas pessoas têm o hábito de guarda coisa, como uma forma de recordar de um bicho de estimação...

______ Ela teria esse tanto de bichos de estimação? _______ Perguntou Bobby, depois de ter aberto uma porta de um armário que guardava uma série de potes com órgão meio que em conserva.

______ Bem! _______ Liu Chan deu uma esbaforisada de descontentamento, enquanto vislumbrava boquiaberto aquela cena bizarra _______ Em algumas cultura se fazem uso de ossos animais na preparação de determinadas garrafadas ...

______ Sério?

______ Não sei Bobby vamos da um fora daqui, isso está me dando náuseas_____ Falou Liu Chan colocando a aba da camisa no nariz, pra impedir de sentir o cheiro do formol que exalava naquele local.

______ Bom você tem que admitir que, uma pessoa que guarda tudo isso, pode muito bem matar pessoas pra recolher...._____Bobby fez uma pausa tentando escolher as palavras certas _____ material, como pele e ossos para fazer sei lá o que. Não é?

_____ Pode ser. Mas não sabemos de nada Bobby. Vamos.





   Naquele mesmo dia Liu Chan levou Bobby para conhecer o Senhor Hector, a princípio Liu Chan se mostrou relutante, para ele não era necessário Bobby ir até a casa do Senhor Hector, ele achava que ele mesmo podia obter as informações que eles precisavam, porém Bobby discordou completamente. Para Bobby aquele trabalho só ele poderia fazer.

     Eles foram caminhando, pois preferiram não passar na casa de Liu Chan para pegar o carro, apenas traçaram uma rota mais reta possível para casa do Senhor Hector. Enquanto caminhavam pela as ruas, Bobby percebiam os olhares das pessoas em relação a eles, ele pegou seu celular e telefonou para Diuna, ele queria que ela estivesse presente, afinal todos concordaram em ajuda nas investigações. Contudo nos últimos dias ninguém tinha tido nenhum progresso.

     Diuna informou a Bobby que encontrariam eles na casa de Hector. Bobby guardou o celular no bolso, enquanto sentia o toque da mão de Liu Chan no seu ombro direito, ele olhou para Liu Chan que fez uma indicação com os lábios fazendo bico, mostrando que as pessoas se amontoavam em cochichos,  naquele momento eles perceberam que não tinha sido uma boa ideia passar por aquela rua, muito menos a pé.


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