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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

O Abraço do Abismo

 

O Abraço do Abismo

Como olhar para o abismo, 
E, mesmo enxergando a escuridão, 
Abraçá-la como uma velha amiga? 
Eu busquei a luz um dia, 
Ao ponto de queimar os olhos, 
Atirei-me na ilusão de seu brilho, 
Certo de que meus caminhos não eram tortuosos.

Mas o problema da luz 
É que a soberba dos olhos nos engana. 
E então, ao fechar os olhos, só havia escuridão. 
Olhar o abismo não é escolha, 
Mas minha natureza me chamando. 
A felicidade me apareceu tediosa, 
Exagerada demais — então mergulhei. 
Pois para entender a ilusão da iluminação, 
É necessário ter um ponto de contraste. 
Logo, tocar a escuridão foi minha virada. 

Ela me chamava ao ponto inicial, 
Para que eu entendesse que o clarão era um fiasco, 
E que, em seu foco, eu era um palhaço.

Há algo grandioso por trás de cada palavra não dita, 
Cada mentira disfarçada de verdade, 
Como a vaidade transvestida de santidade. 
Há um abismo profundo, em palavras impronunciável, 
E em verdade, insondável. 

Fechei meus olhos e me lancei na escuridão, 
Em seus braços solitários e frios. 
Vi uma projeção de mim mesmo, 
No grande teatro da ilusão, 
Interpretando o tolo, sem máscara, sem razão. 
A magnitude de seus tentáculos envolventes 
Era grande demais. 
E só no abismo, na escuridão, 
Ver sua estranheza fui capaz.



09 de Setembro de 2024

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