Translate

domingo, 22 de setembro de 2024

O Preço da Dedicação


O Preço da Dedicação

Eu escalei os montes por você,
Na terra, cultivei a mais belas das rosas,
E por ti recolhi o mais doce néctar.
No deserto escaldante, travei guerras em teu nome,
Encarei o horizonte aterrorizador,
Em noite atravessei vales assustador.

E em silêncio, enfretei a solidão
Em anos de espera pelo teu voltar,
Que na alvorada com sua frenesia
Me enchia de alegrias.
Mas no crepúsculo do nada,
Minha lágrimas por ti desaguava.
E em silêncio, minha esperança se desfazia.

No fim, apenas um envelope vazio
Nem desculpas tiveste o trabalho de dar,
O retorno da minha dedicação,
Apenas abandonado sem hesitação,


Samuel S. Lima
21 de Setembro de 2024

sábado, 21 de setembro de 2024

Invisível

 

Invisível


Te admirei em olhares escondidos, 
Sensurado no invisível tribunal, 
Acusado pelo peso do convívio social, 
Sufocando meu querer, 
Enquanto minha paixão se tornava desleal.

E, na linha do tempo, me perdi, 
Sem perceber que a vida escorria, 
Em traços delicados, frágeis, 
Que, com o tempo, se anunciavam 
Em rugas de vaidades feridas.

Na insignificância da minha existência, 
Me sucumbi na ânsia de um olhar que nunca voltou, 
Me dedicando sem garantia, 
Na vida dele, sendo apenas estorvo, 
Pesando na caminhada que seguiu.

Por trás da cortina, eu movia as cordas, 
Deixando o centro do espetáculo brilhar, 
Fazendo de meu amor a estrela no palco. 
Mas, quando a cortina caiu, 
A plateia aplaudiu, 
E em outros palcos, 
Seu carisma se dividiu.

E eu, obsoleto, 
Atrás da cortina fiquei, 
Encarando o imprevisível. 
Mas por mais que eu tenha feito tudo, 
Para ele, eu continuei invisível.

Samuel S. Lima
21 de Setembro de 2024

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Já se foi o brilho dos meus olhos

 


Já se foi o brilho dos meus olhos
Os anos mortais se arrastam, tediosos,
E o futuro é uma reserva vazia,
Não promete alegria.
Enquanto o tempo se apaga na luz dos
meus dias,
A vida inunda-se em mares de
desilusão,
Meu coração desfalece, solitário, na
escuridão.
Anseio o fim, urgente, inevitável,
Pois os anos mortais tornaram-se
insuportáveis,
Espero o último suspiro,
Alívio final, dessa existência entediante,
Dessa vida agonizante.

14 de Setembro de 2024
Samuel S. Lima

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Banco de espera


Minha vida é um eterno banco de rodoviária, onde muitos chegam, mas no final, todos partem. 

Resta apenas um olhar atrás do ônibus que se vai, 
uma esperança destruída, um muro desconstruído. 

Quando partem, levam consigo a esperança, 
e nesse banco, fica o desencanto, 
soterrado pela poeira deixada 
por passageiros que nunca fizeram morada. 

E assim, minha vida segue, com ouvidos que ouvem, 
mas com minha história que nunca é escutada. 
No final, o banco vazio, 
e a vida parada. 

Não há permanência, nem laços criados, 
sou ponto de passagem, abrigo de nada. 
Entre chegadas e partidas, sigo calado, 
um lugar de descanso, mas sem jornada.

E no final, apenas um banco de praça, onde muitos chegam, mas partem, nunca faz morada.


Samuel S. Lima
05 de Setembro de 2024.  

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Fé quebrada


Há quanto tempo esses olhos olham o horizonte de esperança, enquanto essas mãos juntadas em súplica de oração não respondida, caiem vencidas pelo tempo.

Cada janeiro traz consigo a nova espera, 
Mas dezembro sempre chega, sem nada a mudar.
O ano renasce, e o olhar se repete, 
Mas o passado, como eco, insiste em gritar.

Há quanto tempo esses olhos se erguem, 
Buscando no horizonte um sinal que não vem, 
Enquanto as mãos, já trêmulas, se unem em fé, 
Suplicam o milagre que o tempo retém.

O silêncio é resposta, dia após dia, 
E a esperança, como a chama, vacila e cai,
Que o que se pede, por mais que se clame,
Permanece distante, impossível de alcançar.

E assim, as mãos, antes fortes, se rendem,
Caindo vencidas, sem nada a ofertar, 
Pois o que se busca em oração sofrida, 
É uma promessa que não vai chegar.

Samuel S. Lima
12 de Setembro de 2024

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Do Outro Lado do Vidro

 Do Outro Lado do Vidro


Do outro lado do orgulho, um olhar apaixonado,  

Desse lado, um coração magoado,  

Que caminha sem esperança,  

Sob o peso de uma lembrança.


Você foi covarde demais,  

Completamente incapaz  

De encarar o desejo que ardia,  

A resposta era sim,  

Para a pergunta que nunca foi feita. 


Agora, fique aí, observando o espectro do que sou,  

Enquanto no seu orgulho se esconde,  

No teu preconceito se refaz,  

Vendo-me arrastar, sangrando,  

Marcas deixadas pelas estradas,  

No rastro do sangue que registra tuas pisadas,  

Cada pegada conta a história  

De um amor silenciado, de uma trama inacabada.


E agora, do outro lado do vidro,  

Você me olha,  

Com olhos que falam  

Tudo o que sua boca não diz,  

Mas é tarde demais —  

Eu já parti,  

Mesmo que meu corpo, por um momento, insistiu em ficar aqui.


Samuel S. Lima

10 de Setembro de 2024

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

O Abraço do Abismo

 

O Abraço do Abismo

Como olhar para o abismo, 
E, mesmo enxergando a escuridão, 
Abraçá-la como uma velha amiga? 
Eu busquei a luz um dia, 
Ao ponto de queimar os olhos, 
Atirei-me na ilusão de seu brilho, 
Certo de que meus caminhos não eram tortuosos.

Mas o problema da luz 
É que a soberba dos olhos nos engana. 
E então, ao fechar os olhos, só havia escuridão. 
Olhar o abismo não é escolha, 
Mas minha natureza me chamando. 
A felicidade me apareceu tediosa, 
Exagerada demais — então mergulhei. 
Pois para entender a ilusão da iluminação, 
É necessário ter um ponto de contraste. 
Logo, tocar a escuridão foi minha virada. 

Ela me chamava ao ponto inicial, 
Para que eu entendesse que o clarão era um fiasco, 
E que, em seu foco, eu era um palhaço.

Há algo grandioso por trás de cada palavra não dita, 
Cada mentira disfarçada de verdade, 
Como a vaidade transvestida de santidade. 
Há um abismo profundo, em palavras impronunciável, 
E em verdade, insondável. 

Fechei meus olhos e me lancei na escuridão, 
Em seus braços solitários e frios. 
Vi uma projeção de mim mesmo, 
No grande teatro da ilusão, 
Interpretando o tolo, sem máscara, sem razão. 
A magnitude de seus tentáculos envolventes 
Era grande demais. 
E só no abismo, na escuridão, 
Ver sua estranheza fui capaz.



09 de Setembro de 2024

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

 

Prometeu-me amor eterno, 
Com veneno em palavras que escondia seu odor, 
Selou sua promessa com beijos e frescor, 
E em seus olhos, vi um futuro sem dor. 

Vivemos momentos surreal, 
Eu, cego de esperança, acreditava, 
Que o que tínhamos era sólido, imortal, 
Que nada, nem ninguém, nos separava. 

Mas então, num dia sem aviso, 
Suas palavras tornaram-se vazias, 
E aquele amor que parecia infinito, 
Revelou-se frágil, enquanto ele partia.

Partiu, levando consigo, 
Os sonhos que juntos construímos, 
Deixando-me só, perdido, na traição, 
Tentando decifrar qual a razão. 

E enfim, compreendi, a dura realidade, 
As promessas são sombras, desvanecendo, 
Com sonhos despedaçados, alma dilacerada, 
Mãos vazias, sem promessas, sofrendo. 



Samuel S. Lima
04 de Setembro de 2024. 

domingo, 1 de setembro de 2024

À Beira da Estrada

 



Fiquei à beira da estrada, 
Vendo ao longe o teu partir, 
Com o coração em brasa, 
Esperando o dia de te ver surgir.

O tempo passou, e eu fiquei, 
Com o mesmo pensar, a mesma dor, 
Guardando em mim o que éramos, 
Imaginando que voltarias com o mesmo ardor.

Mas tu partiste para o mundo, 
Viveste o que nunca sonhei, 
Tua alma mudou, teus olhos viram, 
E ao voltar, já não eras quem amei.

O choque foi amargo e frio, 
Encontrei em ti um estranho ser, 
Tuas palavras, antes tão doces, 
Agora distantes, difíceis de reconhecer.

E eu, que tanto te esperei, 
Vi-me perdido em um passado vão, 
Enquanto tu seguiste em frente, 
Eu fiquei, preso à ilusão.

Agora, à beira da estrada, 
Ainda contemplo o horizonte, 
Mas sei que quem partiu já não volta, 
E quem ficou, para sempre espera, no mesmo monte.

27 de Agosto de 2024

 

Enquanto meus olhos se cerra
Esperando você olhar para trás
É inevitável não olhar e ver
Os estragos
Eu fui muito tolo em acreditar
Uma vez errei, pela fé,
Pelo insistir,
Enquanto de joelhos caído,
Esperando a resposta que não vinha de ti.

Só um tolo insiste em acreditar sem respaldo,
Como um tolo sou, amei o improvável,
Lancei me no abismo
Me vi no fundo aos pedaços
E enquanto meu último ar se despersa,
Não consigo evitar, olhar para traz e vê,
Fui tolo demais por me ludibriar
Com a esparsas névoa do amor,
E me embebedar com inalação intragável,
De uma destruidora paixão,
Que sem compaixão,
Me fez errar, pela fé, pelo insistir,
E parei só quando deparei com meu fim.

30 de Agosto de 2024

O Preço da Dedicação

O Preço da Dedicação Eu escalei os montes por você, Na terra, cultivei a mais belas das rosas, E por ti recolhi o mais doce néctar. No d...